Introdução e História
Pouco explorada por viajantes, a Mauritânia, uma vasta nação desértica na África Ocidental, é um país de contrastes intensos e paisagens hipnotizantes – onde a vastidão do deserto do Sahara se estende até as águas do Atlântico.
Conhecida por suas tradições nômades e pela notável capacidade de seu povo de sobreviver no ambiente hostil do deserto, a região também se destaca por suas áreas naturais protegidas, como o Parque Nacional Banc d’Arguin, o Oásis de Terjit e o Parque Nacional Diawling.
Colonização
No final do século XIX, a região que hoje corresponde à Mauritânia foi incorporada ao domínio colonial francês, tornando-se parte da África Ocidental Francesa. A presença francesa visava, sobretudo, interesses econômicos — como a exploração de recursos naturais — e a implantação de infraestrutura, destacando-se a construção da Ferrovia Dakar-Níger.
Independência
A Mauritânia conquistou sua independência da França em 1960, mas logo enfrentou desafios internos significativos. A diversidade étnica do país — composta por árabe-berberes (mouros), africanos subsaharianos e haratines — dificultou a construção de uma identidade nacional unificada, alimentando tensões sociais e desigualdades históricas.
Ademais, conflitos territoriais também marcaram esse período, especialmente com o envolvimento da Mauritânia na disputa pelo Sahara Ocidental— uma região também reivindicada por Marrocos e pela Frente Polisário, movimento que luta pela independência do território. Tal apoio à Frente Polisário deteriorou as relações com o Marrocos e gerou instabilidade regional.
O país procurou desenvolver sua economia com base em setores estratégicos, como a agricultura, a pesca e a mineração.
Desafios atuais
Sua localização na árida região do Sahel tornou a Mauritânia vulnerável a secas recorrentes e crises alimentares, com graves consequências humanitárias.
Outro desafio significante relaciona-se ao lixo e à poluição plástica, especialmente nas áreas urbanas do país. A infraestrutura de gestão de resíduos é extremamente limitada e, atrelada ao crescimento urbano contínuo, tornam a situação ainda mais complexa. Cenas de caprinos ingerindo plástico são frequentes, especialmente nas cidades de Nouakchott e Nouadhibou. Mas ainda pior é se deparar com plástico no Sahara – é como uma ferida aberta na natureza. A vastidão do deserto, que deveria ser só areia, vento e silêncio, agora carrega a contaminação humana.
Para outros temas controversos como racismo, escravidão, religião, injustiças sociais e terrorismo, recomendo a leitura deste artigo. Apesar de ter sido escrito em 2019, os argumentos apresentados ainda refletem a realidade atual.
Resiliência
Apesar das adversidades, a Mauritânia manteve vivas suas tradições nômades. Entre os mouros árabe-berberes, o nomadismo e o pastoreio continuam sendo pilares culturais e formas resilientes de adaptação ao deserto. Muitas comunidades, mantêm um estilo de vida nômade há gerações, deslocando-se pelo território em busca de água e pastagens para seus rebanhos. A criação de camelos, cabras e ovelhas, fornece recursos essenciais — como leite, carne, peles e transporte — e os pastores nômades detêm um conhecimento ancestral do ambiente desértico e dos ritmos naturais da região.